O poeta e filósofo Antonio Cicero, membro da Academia Brasileira de Letras desde 2017, morreu nesta quarta-feira (23), aos 79 anos, após optar pelo suicídio assistido na Suíça. Ao lado de seu marido, o figurinista Marcelo Pies, Cicero escolheu este caminho após receber um diagnóstico de Alzheimer, cujos efeitos neurológicos agravaram seu estado de saúde. A prática do suicídio assistido, semelhante à eutanásia, é legal em alguns países europeus, mas ainda é tema de debate ao redor do mundo.
O suicídio assistido, ao contrário da eutanásia, envolve a autoadministração de uma substância letal pelo próprio paciente, após a prescrição médica. Na eutanásia, por sua vez, o médico é quem aplica a droga. Na Suíça, o suicídio assistido é permitido desde 1942, com base em um entendimento legal que pune o ato apenas se realizado por “motivos egoístas”. Esse procedimento tem atraído pessoas de diversos países, incluindo Cicero, que buscou na legislação suíça uma forma de encerrar sua vida sem dor e com autonomia.
A prática do suicídio assistido, embora controversa, segue critérios éticos rígidos estabelecidos pela Academia Suíça de Ciências Médicas. O paciente deve ser adulto, plenamente capaz de tomar decisões, e capaz de auto-administrar a dose letal, além de sofrer de um quadro considerado “insuportável”, que pode ser uma doença terminal ou, em alguns casos, uma condição psicológica grave.
Enquanto na Suíça e em alguns outros países, como Holanda e Bélgica, essas práticas são permitidas, no Brasil a eutanásia e o suicídio assistido ainda são considerados crimes. A morte de Antonio Cicero reacende o debate sobre o direito de decidir sobre o fim da própria vida e levanta questões éticas e jurídicas sobre a autonomia dos pacientes que enfrentam doenças incuráveis e degenerativas.