Emanuelle Araújo dispensa apresentações. A artista baiana criou uma carreira consolidada na música e nas artes cênicas desde que foi anunciada como líder da Banda EVA em 1999 e apresentada para todo o Brasil. Vivendo uma intensa agenda em premiações internacionais por conta do novo filme que estrela, “O Barulho da Noite”, dirigido pela tocantinense Eva Pereira, a atriz e cantora soteropolitana, em paralelo, se voltou para a música baiana que a construiu e moldou.
Na última semana, lançou “Minha História”, cantada originalmente pela Timbalada, e que faz parte do seu próximo álbum de estúdio, inspirado na sua trajetória e nas melodias percussivas afro-baianas. “O meu estar no mundo é ser da Bahia, é a minha origem”, diz. Em dezembro, Emanuelle voltará a Salvador para uma temporada de trabalho e lazer, que conta em detalhes a seguir.
“É um momento muito importante pra mim. Acredito que as coisas, de fato, não andam sozinhas. E nessas minhas duas carreiras, eu trabalho concomitantemente, mas cada uma a seu tempo”, pontua. O novo álbum deverá chegar antes do Carnaval de 2025 e será finalizado em estúdios de Salvador. Pensado como um resgate às origens da cantora, terá regravações e músicas inéditas, como “Vá na Paz do Senhor”, lançada em maio deste ano, composição de Leonardo Reis e Deco Simões.
“Eu quis dar sequência com essa regravação porque eu quis muito reverenciar uma canção que tivesse a ver com a minha história e com esse princípio. [Minha história] é uma canção que tem muito a ver, por ser canção do Xexéu, que é meu um dos meus primeiros colegas desse universo; por ser um hit da Timbalada, que é uma banda que eu amo; e por ser, também, uma música que é um hino na Bahia”, conta.
A cantora faz parte do grupo Moinho, projeto de samba-rock criado em 2004 ao lado de Lan Lahn e Toni Costa, e, na carreira solo, deu prioridade a um repertório voltado para a Música Popular Brasileira, sendo, seu último álbum, de 2020, um tributo a Jards Macalé. Sobre o retorno ao som que lhe projetou para o país, confessa: “Tudo isso aconteceu muito de uma catarse em mim, após o nosso momento pandêmico. Eu acho que aquele momento foi um momento de olharmos pra quem somos de verdade, para nossa origem, olhamos para nossa existência no mundo. E o meu estar no mundo é ser da Bahia. É a minha origem. Eu percebi que ainda não tinha feito isso desde que eu saí do carnaval, eu ainda não tinha reverenciado a minha origem”.
O nome do novo disco ainda é um mistério, mas Emanuelle conta que ele será finalizado em terras baianas, na mesma época em que irá iniciar as gravações de uma nova série em Salvador, que tem direção da também baiana Cecília Amado. “Eu vou unir todos esses compromissos, da feitura do álbum à gravação de uma série baiana, que tem produção baiana e diretores baianos. Um deles, a minha querida amiga Cecília Amado. Então a gente vai estar filmando essa série, que fala sobre questões muito importantes da juventude e será muito maravilhoso passar o verão na Bahia, fazendo as duas coisas que eu mais amo na vida, que é música e cinema. Verão é Salvador, hospedada no Rio Vermelho, trabalhando para caramba, mas não vou deixar de descer e tomar minha cerveja e comer meu acarajé”, brincou.
Por Ian Reis
