A programação da Consciência Negra do Teatro Vila Velha tem conectado, desde o início de novembro, diferentes culturas. E continuará em dezembro: até o dia 8, com eventos, espetáculos e atividades formativas com base na ancestralidade africana.
Com o teatro em reforma desde setembro, a programação se divide entre o Museu de Arte da Bahia (MAB) e o Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), como parte do projeto Vila Ocupa a Cidade. Até o dia 29, acontece a residência “Memórias Afrodiaspóricas do Sul Global”, das 10h às 13h, orientada pelo coreógrafo colombiano Rafael Palácios. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do link disponível na bio do Instagram @teatrovilavelha.
A residência é uma parceria inédita do Vila Velha com o Centro de Danza y Coreografía del Valle del Cauca La Licorera. Nela, o coreógrafo propõe a união da dança e da música na afirmação da força afrodiaspórica e da resistência, num processo de “descolonização do corpo”, utilizando técnicas afrocolombianas e afrobrasileiras. Uma mostra da residência será realizada no próximo sábado (30), às 16h, também no MAM.
Também no dia 29, estreia o espetáculo “Esse Caminho Longe”, no MAB. Com direção de Marcio Meirelles e Graeme Pulleyn e textos de Olinda Beja e Lígia Soares, a peça imersiva cruza teatro, vídeo e música ao vivo. O público senta-se nos quatro lados de um palco em forma de cruzamento. Duas telas de vídeo, posicionadas em lados opostos, exibem imagens de São Tomé e Portugal. São uma das vozes que contam a história de uma mulher afastada de sua terra natal ainda na infância e de sua luta para regressar e reencontrar aquilo que perdeu, a essência de seu ser.
Três atrizes – duas negras e uma branca – narram a história, levantam questões, fazem perguntas e convidam o público a empatizar, apontando caminhos para um recomeço. A música, tocada ao vivo, é a quarta voz, o vídeo a quinta, formando um único objeto cênico: forte, intenso e apaixonado.
Os ingressos custam entre R$ 20 e R$ 40, e podem ser comprados na plataforma Sympla ou na bilheteria do MAB. A peça permanece em cartaz até 8 de dezembro, com apresentações às 19h nas sextas e sábados, e às 17h aos domingos.
Olinda Beja, escritora e poetisa de São Tomé e Príncipe, terá sua obra celebrada em outros dois dias do Vila Ocupa a Cidade. No dia 2, às 19h, ela participará de mais uma edição do FalaVila, com um encontro gratuito entre ela, a pesquisadora e professora universitária baiana Vanda Machado e a professora e poeta carioca Leda Maria Martins. As três se reunirão no MAM para falar sobre identidade, ancestralidade e poesia.
No dia 3, às 19h, o Sarau FalaVila, também no MAM, apresenta um recital de Olinda Beja com o músico santomense Filipe Santo. Segundo a escritora, participar da programação que honra a cultura negra é motivo de felicidade. Ela defende que a arte é essencial na resistência e luta por direitos.
“Sem inserirmos arte nas nossas lutas é muito mais difícil concretizar os nossos sonhos. A força da palavra, seja oral ou escrita, deve ser musicada, vibrante e integrada à nossa dinâmica gestual, de forma a voar pelos ares como condor. O batucar das mãos, o compassar dos pés, o rufar de um tambor produzem o estímulo com que queremos alcançar os nossos direitos. Não podemos esquecer nunca o timbre da nossa voz, o grito impregnado de uma força hercúlea que será o bastião da luta final por aquilo em que acreditamos”, defende.
No dia 4, às 19h, um encontro musical entre Brasil, São Tomé e Portugal completa a festa internacional do Vila Ocupa a Cidade. O evento gratuito será no MAM e reunirá nomes como os baianos João Milet Meirelles, Ícaro Sá e Ramon Gonçalves, o português Gonçalo Alegre e os santomenses Vanessa Faray e Filipe Santo.
Fotos: divulgação e redes sociais