Neste sábado (8), um evento especial movimentou a Penha, em Itaparica, com a apresentação da mais recente coleção da Almacor. A marca, fundada pela mineira Cynthia Jaber e pela baiana Cecilia Freyre, aposta na união entre moda, arte e inclusão, trazendo peças estampadas por obras de jovens artistas com deficiência. O lançamento em solo baiano foi marcado por um brunch à beira-mar e contou com a curadoria da Nordestesse, capitaneada por Daniela Falcão.
O público convidado para o lançamento ficou encantado com os produtos, que incluíam bolsas, lenços, vestidos, blusas, caftans e outros itens do vestuário feminino. As peças foram tão disputadas que a venda superou as expectativas do evento, com os convidados adquirindo rapidamente os itens disponíveis.
Com experiência no mercado têxtil, Cynthia criou a Almacor com a intenção de oferecer roupas e objetos para casa com um forte propósito social. Desde o início, sua missão foi dar visibilidade a artistas com deficiência, transformando suas obras em estampas aplicadas a diversos itens. A marca tem como diferencial o uso de materiais nobres, como seda pura, linho, algodão e viscose. “Nossa missão é tirar o extraordinário do invisível. Os diagnósticos que nossos artistas receberam não os definem”, afirma Cynthia, que assina a direção criativa da marca.
A Almacor ganhou ainda mais força com a chegada de Cecilia Freyre, psicóloga e mãe de dois adolescentes com TEA (Transtorno do Espectro Autista). A parceria resultou na expansão da marca para a linha casa, que atualmente conta com cerâmicas e jogos americanos. “Sou apaixonada por design, e acho que há muito o que explorar nessa área também”, destaca Cecilia.
O evento foi além da moda: mostrou como a arte pode tocar em outras esferas, trazendo visibilidade e reconhecimento ao trabalho de jovens artistas que, por alguma condição, talvez não tivessem essa possibilidade de expressar sua arte por meio da moda.
Quatro artistas
As estampas das peças da Almacor são assinadas por quatro artistas, cada um com um estilo próprio. O baiano Bernardo Tochilovsky, de 24 anos, conhecido como “poeta das cores”, traz pinceladas largas e vibrantes inspiradas no modernismo e na flora brasileira. Presente no evento, Bernardo também se apresentou para o público e compartilhou detalhes do seu processo criativo, proporcionando um momento de grande emoção.
O piauiense João Elyo Araújo Castro, de 14 anos, que tem Síndrome de Down, desenvolveu um estilo abstrato que remete a Jackson Pollock e já expôs na Califórnia, Paris e Florença.
A artista Clara Woods, filha de brasileira e nascida em Florença, sofreu um AVC ainda na barriga da mãe, o que a impediu de ler, escrever ou falar, mas não de se expressar por meio da arte. Seu trabalho pop carrega influências de Basquiat, Warhol e Frida Kahlo e já foi apresentado na Art Basel Miami a convite da Louis Vuitton.
A mais nova do grupo, Gio Freyre, de 12 anos, também tem TEA e desenvolveu seu talento na mesma escola de arte de Bernardo, em Salvador. Seu estilo impressionista romântico remete a Fialho e Monet.
As peças da Almacor podem ser encontradas na loja física da marca, localizada no Espaço 365, em Belo Horizonte, e também no site www.almacor.art.