A cantora baiana Majur lança seu terceiro álbum de estúdio, “Gira Mundo”, nesta quarta-feira (14), com uma listening party na Casa da Mãe, no Rio Vermelho, às 19h. O evento, exclusivo para convidados, apresentará na íntegra o último álbum da trilogia iniciada com Ojunifé, em 2021. Gira Mundo é um álbum afropop, com 16 faixas em iorubá que homenageiam as forças da natureza representadas pelos orixás, com cantigas e mensagens. O álbum estará disponível em todas as plataformas de streaming a partir das 21h da quarta-feira. O pré-save pode ser feito aqui. A lista de convidados para o evento foi assinada por Uran Rodrigues.
Para Majur, o disco propõe reconhecer as origens brasileiras. “Voltar aos navios negreiros é resgatar a cultura africana no Brasil colonial. É entender com profundidade essa diáspora tão presente e, ao mesmo tempo, tão silenciada. O candomblé surgiu como um ato de resistência, pois o nosso país não aceitava outras culturas e crenças. Quero, portanto, retornar a esse contexto histórico e reapresentá-lo através de uma nova narrativa, com elementos futuristas e atuais da nossa história. Afinal, eu acredito que o Brasil é um país plural e miscigenado, e reconhecer a cultura afro-brasileira — sem preconceitos ou demonizações — é essencial para valorizar a nossa própria identidade.”
Gravado na Bahia, sob direção musical de Ícaro Sá e Ícaro Santiago, o novo álbum de Majur tem como faixa foco “Iroko”, que significa “tempo” no candomblé, simbolizando a passagem das gerações e a força da natureza. “Estou usando o tempo para demarcar a cultura no Brasil sob outro olhar, sob outra narrativa. Por isso, escolhi a música principal do álbum como Iroko, já que o tempo está acima de todas as coisas e abaixo de Deus”, explica Majur. Oxumaré e Ewá, Ibeji e Oxalá (última música da tracklist) são outros destaques do disco.
Em seu primeiro álbum, Ojunifé, Majur abre a tracklist com a música “Agô” e diz, em iorubá: “Lati Kori Agbara dos Orixás”, que significa “eu canto o poder dos Orixás”, representando sua iniciação no candomblé. “Eu estava me reconhecendo e me conectando à religião, inclusive dentro de mim. Era um processo de lagarta ainda”, diz ela, que em 2023 lançou ARRISCA, seu segundo álbum, com uma mensagem de coragem e fé para se lançar no mundo.
Agora, despida de qualquer vaidade, Majur apresenta a cultura africana no Brasil e o poder da fé em meio a tempos de incerteza. “Apesar de evidenciar a intolerância religiosa e o racismo no Brasil, esse álbum não é sobre religião. É sobre recontar a nossa história nos tempos de hoje. É sobre transformação e conexão, informação para o povo, sem mais”, conclui a artista.
Foto: Ladeira, Lucas Marinho