A lista de semifinalistas da 66ª edição do Prêmio Jabuti foi divulgada nesta quinta-feira, dia 24 de outubro, e a Bahia não ficou de fora: dez baianos estão na lista, entre as 22 categorias participantes. A participação vai da categoria de Romance Literário até a de Fomento à Leitura.
“Salvar o Fogo”, da Editora Todavia, marca a segunda vez de Itamar Vieira Júnior entre os semifinalistas do Prêmio Jabuti, após ganhar em 2020 com “Torto Arado”. No título mais recente, o escritor, nascido em Salvador e um dos mais lidos do país, traz a história de Moisés, um órfão de mãe que vive com o pai e a irmã em um povoado rural conhecido como Tapera do Paraguaçu, às margens do rio de mesmo nome, no interior da Bahia. Ao longo das 320 páginas, ele entrelaça as histórias dos personagens e as violências comuns aos trabalhadores rurais do Brasil.
Escritora de romances, contos, poemas e dramaturgias, além de professora e pesquisadora, Luciany Aparecida é semifinalista na categoria Romance Literário com o elogiadíssimo “Mata Doce”, publicado pela Alfaguara. No livro, seu primeiro romance assinado com o próprio nome, a autora do Vale do Rio Jiquiriçá une passado e presente ao narrar os acontecimentos trágicos que permeiam um pequeno vilarejo no interior da Bahia.
Nascida em Paulo Afonso, Jô Freitas é uma das dez semifinalistas na categoria Conto, com o livro de estreia “Goela Seca”, publicado de forma independente em setembro do ano passado. A obra reúne 23 contos que abordam a vida de uma jovem negra, das brincadeiras de infância até a vida adulta em uma sociedade racista e machista.
O autor soteropolitano Ruy Espinheira Filho é um dos dois nomes da Bahia na categoria Poesia, pelo livro “A invenção da poesia & outros poemas”, lançado em junho de 2023 pela editora Record. Ocupante da cadeira de número 17 da Academia de Letras da Bahia e autor de mais de 35 livros de poemas, o poeta e jornalista já chegou à final do Prêmio Jabuti em 2006, quando recebeu o 2º lugar com “Elegia de Agosto”. É dono de prêmios de mérito cultural como o Cruz e Souza e o Prêmio de Poesia da Academia Brasileira de Letras (ABL).
Também em Poesia, está Rodrigo Lobo Damasceno, indicado com o título “Limalha”, da editora Corsário-Satã, seu segundo livro. Nascido em Feira de Santana, no centro-norte do estado, o poeta vive atualmente em São Paulo e escreve poemas, contos, romances e ensaios. Em “Limalha”, experimenta com questões de classe através dos versos.
Escritora, professora e fundadora da primeira escola afro-brasileira do país, Bárbara Carine, conhecida nas redes como “Intelectual Diferentona”, é semifinalista na categoria Educação com o livro “Como Ser um Educador Antirracista”, da editora Planeta do Brasil. Natural de Salvador, ela já foi finalista do Prêmio Jabuti duas vezes, em 2021 e 2022.
Marcelo Veras, psicanalista, escritor e professor da Especialização em Teoria Psicanalítica da UFBA, da Especialização em Psicanálise e Saúde Mental da PUC Paraná e da Especialização em Psicanálise de Orientação Lacaniana da Escola Baiana de Medicina e Saúde Pública, está entre os dez semifinalistas da categoria Saúde e Bem-Estar com o livro “A Morte de Si”, publicado pela Bregantini.
O baiano Matheus Araujo dos Santos, ou Matheus Ah, é semifinalista pela tradução de “Na Quebra: A Estética da Tradição Radical Preta”, pela editora Crocodilo. Publicado pela primeira vez em 2023, o livro é o primeiro do teórico estadunidense Fred Moten a ser traduzido para a língua portuguesa.
Além deles, o antropólogo soteropolitano Hélio Santos foi indicado ao lado da historiadora carioca Raquel Barreto pelo catálogo da exposição “Carolina Maria de Jesus: Um Brasil para os Brasileiros”, que navega pela vida da escritora através de imagens, manuscritos e objetos pessoais.
A Bahia também está presente na categoria de Fomento à Leitura, com o programa “Corpos Indóceis, Mentes Livres”, coordenado pela professora, doutora em crítica literária e cultural, advogada e escritora Denise Carrascosa. O projeto visa levar a literatura para as mulheres do Conjunto Penal Feminino do Complexo Penitenciário Lemos Brito, em Salvador. Através de oficinas e aulas, a leitura leva dignidade para as mulheres encarceradas e possibilita a remição de suas penas.