O impacto dos Tincoãs vai além das melodias. A cantora Ana Paula Albuquerque que o diga: para ela, o grupo cachoeirano foi símbolo de identidade e expressão. Foi daí que nasceu a ideia de fazer o emocionante álbum “Tributo aos Tincoãs”, em homenagem aos 50 anos do álbum homônimo do conjunto.
O projeto conta com 12 releituras contemporâneas de canções como “Capela D’Ajuda” – que Ana Paula lançou como single em novembro –, com arranjos do maestro Ubiratan Marques e os músicos Felipe Guedes e Jordi Amorim.
“É uma música espiritual, identitária. Você começa a se reconhecer e se sentir também através dessa música. [Os Tincoãs] são a minha maior escola musical”, diz a cantora, que se dedica a pesquisar o repertório do grupo há 15 anos.
Para marcar o lançamento, acontecerá no próximo dia 29, uma quarta-feira, um show especial na Sala do Coro do Teatro Castro Alves. O show começa às 20h, e os ingressos custam R$20 (meia) e R$40 (inteira). As entradas podem ser adquiridas através da plataforma Sympla.
E a cantora estará em boa companhia, com uma banda formada por Felipe Guedes na bateria, Jordi Amorim na guitarra, Gabi Guedes na percussão, e o baixo fica por conta de Marcus Sampaio.
Trajetória marcada pelos Tincoãs
A banda Os Tincoãs surgiu em 1960, no coração do recôncavo baiano. Desde então, uniram brilhantemente bolero, samba de roda e cantos afro-brasileiros. Orgulhosa, Ana Paula conta que, na primeira apresentação montada após o início da pesquisa, há mais de dez anos, teve a honra de ver o próprio Mateus Aleluia na plateia. Esse show se desdobrou em outros trabalhos voltados para o grupo, mas o desejo de transformar suas releituras em um tributo em forma de álbum nunca se apagou.
“Ontem eu estava aqui escutando uma das faixas e lembrando que esse é um sonho de 12 anos atrás. Eu ficava assim: ‘meu Deus, um dia eu vou gravar’, porque tem um arranjo de Bira Marques com orquestra. E ontem eu percebi que realizei esse sonho que guardei por tanto tempo”, conta.
Escolheu o álbum tanto pelo quinquagenário como por ser um divisor de águas na carreira dos Tincoãs, que cantavam bolero e, neste disco, passam a se dedicar às cantigas do candomblé.
Agora, o sentimento é um só: realização. “Hoje mesmo eu já chorei algumas vezes, porque bate uma emoção mesmo. Não é fácil para um artista realizar, ainda mais algo nesse patamar. Tem que ter muita coragem e muita fé”, conclui.
Foto: Engels Miranda