A resistência e o amor LGBTQIA+ ocupam o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) por meio da exposição “Histórias da Diversidade LGBTQIA+”. São mais de 150 obras e documentos de 127 artistas e coletivos de arte nacionais e internacionais. E a Bahia não fica de fora: entre os autores, cinco são talentos baianos. São eles Ayrson Heráclito, Mayara Ferrão, Rebeca Carapiá, Ventura Profana e Yacunã Tuxá.
Justapondo o passado e a contemporaneidade, a mostra, que segue até o dia 15 de abril, apresenta trabalhos de diversos períodos e correntes artísticas, de Andy Warhol a Diambe. Assim, evidencia visões das histórias LGBTQIA+ que atravessam o tempo e o espaço, além de apontar estratégias de resistência. Uma delas é O Beijo 20, de Mayara Ferrão. Na exposição, ela destaca histórias de amor entre mulheres negras. Sua série Álbum dos Desesquecimentos simula fotos antigas com o auxílio de inteligência artificial, buscando revelar narrativas apagadas e imaginar novos futuros.
Mayara Ferrão é uma artista visual nascida e criada em Salvador. Trabalha principalmente com ilustração e fotografia, e recentemente tem explorado tecnologias como vídeos e inteligência artificial para construir narrativas negras ao longo da história.
Outro baiano na exposição é Ayrson Heráclito. Nascido em Macaúbas, na região central do estado, Ayrson é artista visual, performer, professor e curador. Em sua arte, transita entre diferentes linguagens, de pintura a fotografia e esculturas, desenvolvendo obras relacionadas ao corpo afro-diaspórico. Para isso, utiliza elementos simbólicos como dendê e açúcar. Sua exposição Agô abriu com chave de ouro as atividades do Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC), ficando em cartaz nos seis primeiros meses de atividade do espaço.
Já Rebeca Carapiá, nascida e criada na Cidade Baixa, em Salvador, traz uma visão poética e singular através de seu trabalho. Instigada por temas como memória, corpo, território e racismo, reflete essa pesquisa em esculturas de ferro e cobre, além de cobre sobre tela, desenhos, instalações, gravuras, textos e objetos. A artista, que tem obras em museus como o Inhotim e o Museu de Arte Moderna de São Paulo, agora chega ao MASP com sua escultura Maré Cheia 3.
Em Mulher Indígena e Sapatão, Yacunã Tuxá destaca a resistência de um grupo historicamente invisibilizado. Natural de Rodelas, no norte da Bahia, a artista visual e ativista indígena da etnia Tuxá trabalha sobretudo com arte feita através de ferramentas digitais. A partir disso, reforça o caráter ao mesmo tempo ancestral e contemporâneo que busca transmitir nas ilustrações. As obras do criativo já passaram por espaços como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) e o Museu da Imagem e do Som do Ceará (MIS-CE). Agora, leva a peça Mulher Indígena e Sapatão para as paredes do MASP.
A arte de Ventura Profana também marca presença na exposição. Não seria exagero chamá-la de multiartista: a soteropolitana é artista visual, cantora, escritora, compositora e também pastora. Em seu trabalho, une as facetas artística e missionária, exaltando diversas possibilidades de vida para corpos trans, travestis, negros e indígenas. É o que ela chama de “teologia da transmutação”, que consiste em transformar aquilo que é destinado a essas pessoas. Faz isso em seu trabalho através de imagens e vídeos, como “Para ver as meninas e nada mais nos braços”, de 2024.
A exposição é organizada em oito núcleos: Amor e desejo; Ícones e musas; Espaços e territórios; Ecossexualidades e fantasias transcendentais; Sagrado e profano; Abstrações; Arquivos; e Biblioteca Cuir. A curadoria é de Adriano Pedrosa, diretor artístico do MASP, e Julia Bryan-Wilson, curadora-adjunta de arte moderna e contemporânea do MASP, com colaboração de André Mesquita, curador do MASP, e assistência de Leandro Muniz, curador assistente, MASP, e Teo Teotonio, assistente curatorial, MASP.
SERVIÇO
O quê: Exposição Histórias LGBTQIA+
Onde: 1º andar, mezanino e 2º subsolo. MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista
Quando: até 13/04/2025. Terças, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas.
Valor: R$ 75 (entrada); R$ 37 (meia-entrada). Terças grátis e primeira quinta-feira do mês grátis. Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos.
Foto: O Beijo 20, da série Álbum dos Desesquecimentos, de Mayara Ferrão. Verve Galeria (Reprodução)
