Considerado o maior candomblé de rua do mundo, o Bembé do Mercado, que acontece em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, será o tema do Carnaval 2026 da Beija-Flor de Nilópolis. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (14), com a presença de representantes da escola de samba carioca na cidade de Santo Amaro. Há 136 anos, o Bembé do Mercado celebra a libertação dos negros escravizados em 13 de maio de 1888 e segue na luta contra o racismo e a intolerância religiosa.
A escola foi a vencedora do Carnaval 2025, com um enredo sobre o diretor de carnaval Laíla. Para Almir Reis, presidente da Beija-flor, a escolha do tema se deu pela história de resistência e reafirmação negra do Bembé estar alinhada à escola fluminense. “Para nós, é um orgulho contar mais uma história de protagonismo e resistência preta na Sapucaí. É a nossa identidade, está no nosso DNA, e é como a comunidade nilopolitana se vê. O Bembé e a Beija-Flor têm muito em comum, e estamos muito felizes e honrados em apresentar essa cerimônia tão valiosa para todo o Brasil”, afirmou.
Formado, atualmente, por cerca de 60 candomblés, o Bembé do Mercado ocorre sempre na segunda dezena de maio e arrasta milhares de pessoas de todo o mundo. Este ano, as celebrações acontecerão entre os dias 10 e 18. A festa, que teve seu início com João de Obá e seus filhos-de-santo, foi reconhecida como Patrimônio Imaterial do Estado da Bahia pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) e do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Já João Vitor, carnavalesco da entidade, destacou a importância cultural da manifestação baiana, formada, atualmente, por cerca de 60 candomblés. “O Bembé do Mercado é de uma potência simbólica e estética imensa. É um enredo que nos atravessa, que nos conecta com a ancestralidade e com a luta do povo preto no Brasil. Ter a chance de criar um enredo autoral como esse, com tamanha relevância histórica e espiritual, é um presente. É uma responsabilidade enorme, mas também uma felicidade imensa”, ressaltou.
Integrantes da escola como o mestre-sala Claudinho e a porta-bandeira Selminha Sorriso (crédito: Divulgação/Ladeira)