A construção de um empreendimento de três torres com 580 unidades, no terreno onde funcionou o supermercado Bompreço da Rua Marques de Caravelas, tem preocupado os moradores da Barra e adjacências que estão coletando assinaturas para entrar com ação no Ministério Público pedindo a anulação do projeto, batizado de Bridge Porto da Barra.
No manifesto, os moradores observam que o projeto, com apartamentos tipo estúdio, a ser construído no local “representa uma ameaça real e iminente ao equilíbrio urbano, à segurança, à infraestrutura e à qualidade de vida dos moradores do bairro”, diz o texto.
O documento cita desde impacto no trânsito até colapso na infraestrutura pública da região explicando que o aumento massivo de veículos na via vai gerar engarrafamentos diários e tempos de deslocamento insustentáveis, além de ocupação nas ruas, uma vez que o empreendimento não oferece vagas suficientes a todos os compradores.
A Barra, destaca o documento, “não foi projetada para suportar uma expansão populacional abrupta como a que esse empreendimento causará”. Com isso, teme-se colapso no abastecimento de água e esgoto, quedas de energia e apagões, acúmulo de lixo e proliferação de pragas. Afinal, serão mais de 1.100 novos moradores, se for considerado dois ocupantes por unidade.
“Como moradora estou muito preocupada com este projeto. Aquele local não está adequado para receber o fluxo de carros, mesmo com 33% somente de unidades com garagem, são 194 garagens, fora as de visitantes. Fluxo de entregadores, fluxo de pessoas… será que não se calcula isto? Será que só se pensa no projeto sem pensar nas suas posteriores consequências? Este empreendimento deve ser suspenso de imediato”, destaca uma moradora da avenida Princesa Isabel, que pediu não ser identificada.
O documento traz outra problemática comum no bairro. A proliferação de empreendimentos com menos de 40 m2 e que tem sido usado como aluguel por temporada, o que segundo os hoteleiros, tem prejudicado a ocupação de hotéis e pousadas e gerado um clima de insegurança e incômodo entre moradores por conta da intensa rotatividade de desconhecidos, alterando a rotina da área.
“São 17 prédios novos na Barra, cinco só no Jardim Brasil com este perfil de estúdio. Todos lotados para o Carnaval. E a gente com quartos vazios, nós que pagamos tantos impostos, além de gerar emprego. É uma concorrência injusta e desleal, que está mais dificil a cada ano”, critica um empresário do segmento de hotelaria, que pediu anonimato.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis Regional Bahia (ABIH-BA), Wilson Spagnol, reforça o argumento do empresário. “Não somos contra a modernização, não tememos a concorrência, mas queremos isonomia de tratamento, tanto tributária, fiscal como trabalhista”, frisa, ressaltando que a hotelaria baiana emprega 8% da mão de obra com carteira assinada e, no entanto, sofre com uma legislação atrasada, que incentiva o surgimento desses empreendimentos que não arcam com os custos impostos aos meios de hospedagem formais. “É uma tragédia, uma competição desleal”, acentua.
Com Sara Barnuevo