Este é o ano de Edvana Carvalho. A atriz baiana ganhou seu primeiro Kikito, estrelou filmes, rodou o país com sua peça “Aos 50, quem me aguenta” e, claro, brilhou como Inácia no remake da novela Renascer. Com uma atuação potente, sua interpretação de Inácia lhe rendeu agora uma indicação ao prêmio Melhores do Ano 2024, divulgada na última semana.
Edvana foi indicada na categoria Atriz Coadjuvante na premiação, promovida pela TV Globo. Ao lado dela, concorrem as atrizes Daphne Bozaski (Família é Tudo) e Drica Moraes (Volta por Cima).
Em conversa com o site Ronaldo Jacobina, a baiana celebrou o reconhecimento trazido por Inácia, num ano que descreve como ‘abençoado pelos orixás, pelos ancestrais, por Deus e por todos os santos’. Segundo ela, a indicação já é um prêmio por si só.
“Todos que foram indicados junto comigo, já se sintam premiados e premiadas, porque essa é a verdadeira premiação: alguém ou uma equipe de pessoas sentar e dizer ‘o trabalho dessa pessoa merece ser premiado, então vamos indicar’. Eu estou muito feliz, porque é um reconhecimento do meu trabalho dentro da empresa e, além disso, como o prêmio se estende também a um voto popular, é o povo votando e querendo que a gente concorra”, disse.
Com 35 anos de carreira, a atriz carrega em seu currículo espetáculos, novelas e filmes como “Ó Paí Ó”, “As verdades” e o curta “Fenda” – pelo qual foi premiada em Gramado. Inácia também já lhe trouxe outros reconhecimentos: por ela, Edvana ganhou no início deste mês o Prêmio Potências 2024, em São Paulo, e o Prêmio Ubuntu, no Rio de Janeiro.
Transformação
Interpretar uma personagem complexa como Inácia é um processo igualmente complexo, e a imersão de Edvana foi física e mental. A começar pela maquiagem e pelas roupas, já que a personagem era mais nova que Edvana na primeira fase da novela e 20 anos mais velha que ela na segunda fase – precisou rejuvenescer e envelhecer para dar vida à ialorixá.
Para dar o toque final e encontrar a identidade de Inácia, a atriz pensou também nos mínimos detalhes, da postura (ereta na primeira fase e mais curvada na segunda) até a mudança de densidade na voz, que acumula vivências ao longo das décadas retratadas em Renascer. “Foi um trabalho de equipe muito lindo entre caracterização, figurino, preparação e também os meus conhecimentos que eu venho acumulando durante todo esse tempo”, diz.
Com o fim da novela, os títulos conquistados são apenas uma parte do legado da personagem para Edvana. Sensitiva, protetora e detentora de uma sabedoria ímpar, a guardiã de José Inocêncio na trama escrita por Benedito Ruy Barbosa ensinou muito para a atriz.
“Eu tive que vivenciar um universo que não é tão vivido na vida real, porque a Inácia era uma mãe de santo, uma ialorixá, e eu não, não tenho nenhum cargo dentro do Candomblé. Eu vou, mas não tenho cargos, e é bem diferente ir ao Candomblé e ser feita no santo ou ser realmente ialorixá, alguém que guia as outras pessoas”, conta.
Outra herança está nos rostos que se iluminam ao vê-la na rua. Pessoas emocionadas, que choram, se arrepiam e confidenciam a Edvana que Inácia mudou suas vidas. Os relatos são muitos, e marcam a atriz:
“[Uma pessoa disse que] a mãe ficou de mal com ela quando foi para Umbanda, há quatro anos não se falavam, e depois de assistir à Inácia, a mãe voltou a falar com ela. Ou o marido deixou que eu professasse a fé, ou voltou para a fé com mais orgulho porque tinha saído por vergonha de ser da religião, por conta dos comentários maldosos dos colegas, do trabalho, da rua. Então eu sinto que esse personagem meio que foi um agente transformador na vida de muitos brasileiros, e o fato também de pessoas de diferentes classes, de diferentes gêneros”, defende.