A peça A Visita da Velha Senhora, da Companhia de Teatro da UFBA, foi indicada ao 35º Prêmio Shell de Teatro, um dos mais tradicionais do segmento no país, na categoria “Destaque Nacional”. Dirigida por Gil Vicente Tavares, a montagem esteve em cartaz durante setembro de 2024 no Teatro Martim Gonçalves. No elenco, Ítala Nandi, Celso Jr., Frank Menezes, Lúcio Tranchesi e Rui Manthur assumiram os papéis principais, com participações especiais de Cláudio Cajaíba e Bira Freitas. Os vencedores serão anunciados em março, durante cerimônia no Rio de Janeiro.
“Guardadas as gigantes diferenças de proporções, recebo essa indicação um pouco como Fernanda Torres recebeu a dela”, revela Tavares. A categoria “Destaque Nacional” foi criada na última edição do prêmio para reconhecer produções de regiões fora do eixo Rio-São Paulo. “Então, mais do que uma conquista pessoal, é o reconhecimento da qualidade de nossa produção artística, seja baiana, seja no âmbito da Cia de Teatro da UFBA, que ganha uma projeção nacional tardia, por conta do que já foi feito por meus mestres, aqui”, explica.
Na trama de A Visita da Velha Senhora, uma bilionária de 45 anos retorna à sua cidade natal e oferece um bilhão em troca da morte do homem que a humilhou. Baseada no texto do dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt, a montagem aborda temas como justiça e vingança, com ironia e cinismo. “Ensaiamos pouco mais de dois meses, e foi um processo sempre atento ao seu caráter pedagógico, mas, sobretudo, com empenho em entregar um espetáculo de qualidade profissional, como vi muitas vezes acontecer com peças da Cia”, conta Tavares sobre o desenvolvimento da obra.
O desejo de realizar o espetáculo em Salvador surgiu durante a graduação de Tavares, enquanto estudava a peça, e se confirmou ao assisti-la em Berlim, em 2001, no Deutsches Theater. “Soube da presença de Ítala Nandi numa reunião e pedi para ser apresentado a ela. No caminho até Ítala, falei com Cajaíba, diretor da Escola de Teatro, sobre o projeto, e me apresentei já com a proposta, assim, no susto, sem ideia de como a realizaria”, relembra.
Para o diretor, a indicação ao prêmio é especialmente significativa porque transcende a montagem e representa um rompimento na invisibilização do teatro baiano, que, segundo ele, “tem décadas de artistas e espetáculos incríveis”. “Por isso, o Prêmio Shell merece todos os aplausos pela criação dessa categoria. Como também disse Fernanda, ao seu modo, a indicação já é um prêmio para o teatro baiano, para a UFBA e para a Escola de Teatro”, conclui.
Crédito das fotos: Edvalma Santana, Carlos Barral e Mario Edson
