A cineasta baiana Ceci Alves segue em plena atividade em 2025, conduzindo projetos que ampliam sua contribuição para o cinema brasileiro. Conhecida por seu olhar sensível e narrativas que entrelaçam música, história, cultura e identidade, ela está à frente da direção de dois filmes de grande relevância: um documentário sobre o último show de Gilberto Gil e Caetano Veloso antes do exílio, e a adaptação cinematográfica do conto Bolero de Satã, de Jean Wyllys.
“O documentário resgata um momento histórico da música e da política brasileira: o show que reuniu Gil e Caetano no Teatro Castro Alves em 1969, pouco antes de serem presos e forçados ao exílio pela ditadura militar. O filme recriará o show através de performances, esquetes musicais e animação de sons e imagens raras através de inteligência artificial”, explica a cineasta em entrevista ao site. “O projeto também trará depoimentos dos partícipes diretos da história, como o próprio Gilberto Gil, que contextualizam esse período turbulento do Brasil”, acrescenta.
Adaptação
Já a adaptação de Bolero de Satã marca mais uma incursão da cineasta no universo da literatura adaptada para o cinema. Tendo sido uma das roteiristas da série Torto Arado, ao lado de outras profissionais negras renomadas, ela transformará o conto de Jean Wyllys em curta-metragem, que fará parte de um longa episódico, produzido por sua empresa, a ¡Candela! Produções.
“Neste longa, ainda sem título definido, também estarão a diretora Marcília Cavalcante, e u diretore Hilda Lopes Pontes – ambes premiades no Brasil e no exterior”, revela. O filme abordará temas ligados ao feminino, não só enquanto elemento de gênero, mas também como um marcador identitário. O projeto reafirma a trajetória de Ceci como uma voz potente do audiovisual brasileiro na abordagem de questões sociais e humanas.
Premiada
Duplamente premiada no final do ano passado durante o Nuevas Miradas EICTV/Cuba, laboratório promovido pela Escuela Internacional de Cine y TV, que convida produtores do mundo todo para fazer parte de uma plataforma de treinamento e desenvolvimento de projetos de longas-metragens e rede, Ceci Alves ressalta a importância da continuidade e do fortalecimento do mercado audiovisual no Brasil.
“O Oscar conquistado pelo país é um marco histórico, mas deve ser visto como um impulso para que as produções nacionais tenham sustentabilidade e crescimento contínuo. A gente não pode mais viver de ciclos e espasmos. Precisamos de um mercado consolidado para que histórias como as nossas continuem chegando às telas”, pontua a cineasta.
Trajetória
Com uma carreira sólida no audiovisual, Ceci Alves já participou de diversos projetos de destaque. Ela chefiou a equipe de roteiristas e foi uma das diretoras da série documental sobre Carlinhos Brown, com título provisório “Carlinhos Brown em meia-lua inteira”, produzida pela Giros Filmes para a HBO Max, com estreia prevista para este ano.
Também participou da equipe de roteiristas da série original “(In)Vulneráveis”, do Universal TV, numa coprodução da NBCU com a Jabuti Filmes, e da nova versão de Dona Beja, produção da HBO Max, que contará com Grazi Massafera no papel principal – com estreia também agendada para 2025.
Além disso, dirigiu curtas-metragens premiados, como Doido Lelé (2009), que narra a história de um menino sonhador que deseja ser cantor de rádio na Salvador dos anos 50, e O Velho Rei (2013), estrelado por Antonio Pitanga, obra que faz uma reflexão poética sobre o tempo e a memória.