O primeiro filme dirigido pelo ator baiano Aldri Anunciação não poderia ser diferente: protagonizado pelo mestre Antônio Pitanga e com locações em cidades históricas da Bahia como Cachoeira, Muritiba e Salvador. “A Solidez da água”, ainda sem data de estreia, traz um enredo diverso e sensível, tensionando questões de identidade e autoconhecimento, passando por questões sociais e relações étnicas, marcas do trabalho de Aldri.
A produção traz a atriz portuguesa Maria de Medeiros e o paulista Lucas Wickhaus. Na trama, Omí (Wickhaus), um viajante brasileiro, perde o passaporte a caminho de Paris. Ao chegar no aeroporto, conhece um senhor misterioso, vivido por Antônio Pitanga, que o leva em uma jornada de autoconhecimento.
O dramaturgo conta que o projeto é um sonho antigo. “Eu tenho um livro chamado Trilogia do Confinamento, que tem três histórias: Namíbia, não! Embarque Imediato e Campo de Batalha. É um projeto-sonho transformar essas três histórias em livro, cinema e teatro. As três já viraram teatro, viraram livro e uma delas já virou filme: Namíbia, não! que virou Medida Provisória”, conta Aldri.
O filme é a segunda parte dessa trilogia, originado a partir de Embarque Imediato. “A ideia de fazer o longa vem desse pacotão de sonho e de misturas de linguagem. Me embrenho também como roteirista, como romancista, como teatrólogo, dramaturgo, e agora assumo, de forma inédita, a direção do longa”, diz. O diretor também destaca a grandeza de ter uma figura como Antônio Pitanga na obra, “é um grande batismo, um grande presente”.
A presença de Antônio Pitanga em A Solidez da água surge a partir de uma relação construída por Aldri com o ator há alguns anos. “Pitanga entra na minha vida em 2016. Ele já acompanhava os espetáculos que eu fazia no Rio, era um grande admirador, e eu me sentia super honrado. Então, me vi no dever de retribuir a esse cara, tão vivo, tão forte, tão cheio de memórias. Resolvi escrever uma peça para ele: Embarque Imediato, que é a peça que inspira o filme”, relembra.
Escritor premiado com o Jabuti, Aldri também está à frente do roteiro do filme. Para Aldri, as multi-linguagens do cinema, teatro e literatura são um estímulo ao trabalho e à produção. “No cinema, as ações narram mais as histórias. No teatro, é a fala das personagens que narra. E no romance, é a voz do autor que conta a história. Estou adorando ocupar esse lugar”, conta.
Crédito: foto @jonatasmarques_32.