Manifestações populares, grandes nomes da música brasileira e stills de cinema. Em cinco décadas, Lita Cerqueira registrou de tudo. O pioneirismo lhe rendeu o título de primeira fotógrafa negra da Bahia. Foi pensando nesse legado que a CAIXA Cultural Salvador organizou uma exposição com parte de sua obra, que segue aberta para visitação até 9 de dezembro.
A mostra O Povo Negro é o Meu Povo – Lita Cerqueira, 50 Anos de Fotografia é organizada em sete núcleos curatoriais que destacam a ancestralidade e o pertencimento, refletindo a visão de Lita como uma mulher negra conectada à cultura de seu povo. A exposição traz imagens em preto e branco selecionadas de um acervo de mais de 50 mil fotografias, capturando momentos que vão do sagrado afro-brasileiro à música popular.
Com curadoria de Janaína Damaceno e coordenação geral de Lu Araújo, a exposição revela a sensibilidade da fotógrafa. Para Araújo, “as fotos de Lita são manifestações de alma”, capturando a essência dos momentos e pessoas retratadas. Os eixos da exposição incluem temas como o sagrado, a beleza negra e festas populares, além de momentos íntimos com artistas como Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Nascida em Salvador, Lita Cerqueira iniciou sua carreira jovem, motivada a dar visibilidade a histórias de pessoas muitas vezes invisíveis. Autodidata, com 72 anos, ela quebrou barreiras em um campo predominantemente masculino e branco. Suas obras integram acervos importantes como a Pinacoteca de São Paulo e o Museu Afro Brasil.
Atualmente, participa de várias exposições, incluindo “Quilombo” em Inhotim e “Lélia em Nós” no Sesc Vila Mariana, entre outras. Sua obra continua a dialogar profundamente com a história e a alma do povo negro.