Oito décadas de vida guardam o fazer artístico de Juraci Dórea. O baiano de Feira de Santana, desde 1980, tem sido um nome de destaque na arte do Brasil, sendo responsável por trazer, para o Nordeste, os olhares dos críticos e galeristas, geralmente centrados no eixo Rio/São Paulo, para o concretismo que acontecia na região. Em celebração à célebre carreira do pintor, fotógrafo, desenhista e escultor, a galeria Martins&Montero, em São Paulo, exibe Breveterno: Notas para uma Lírica Político-Mística da Estiagem, que abarca diferentes épocas das produções de Juraci Dórea.
Dentre os destaques da exposição, que segue até 21 de dezembro, estão as obras do Projeto Terra. Criado em 1982, o artista montou instalações em madeira e couro curtido em campos de cidades do sertão baiano como Uauá e Monte Santo. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Dórea destacou o propósito dessa instalação. “Minhas esculturas estão espalhadas pelo Sertão, são efêmeras, e questionam essa pretensão da arte de ser eterna. A gente vê a ação do tempo em tudo”.
Breveterno: Notas para uma Lírica Político-Mística da Estiagem tem curadoria de Deyson Gilbert. A exposição também traz obras como Trio Elétrico, de 1990, e Paisagem Nordestina, de 2007, que mostram as múltiplas abordagens e estéticas utilizadas pelo artista.
Arquiteto por formação, tendo exposto, ao longo dos mais de 60 anos de carreira, em países como Japão, Itália e Cuba, Juraci Dórea segue sendo uma referência. A exposição traz a obra do ator com trabalhos de seus principais interlocutores: Edwirges, Crispina dos Santos, Eurico Alves Boaventura, Elomar, Antonio Brasileiro, Roberval Pereyr, Washington Falcão, José Carlos Teixeira, Marcelo Rezende, Selma Soares de Oliveira , Alba Liberato, Dival Pitombo, Tuna Espinheira, Chico Liberato, Minelvino Francisco da Silva, Antônio Alves da Silva, Fernando Ramos, dentre outros.
Por Ian Reis